Dr. Claudio Suzuki

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    As perdas dos sites de comércio eletrônico com fraudes cresceram no mesmo ritmo que as vendas do segmento, embora as tentativas de golpe tenham aumentado de forma muito mais expressiva neste ano. É o que aponta um estudo inédito, realizado pela FControl, empresa de segurança na internet do grupo Buscapé.

    De janeiro a outubro, as perdas com fraudes representaram 0,4% das operações efetuadas no comércio eletrônico. Esse índice é igual ao registrado no mesmo intervalo do ano passado. Já o número de tentativas de fraude correspondeu a 3,2% do volume de operações registradas nesse período. Nos dez primeiros meses do ano passado, o percentual era de 1,9%.

    O estudo da FControl baseou-se em dados de mercado compilados pela consultoria e-bit, também do Buscapé. A e-bit não divulgou qual foi o desempenho do comércio eletrônico até outubro. No primeiro semestre, as vendas on-line de produtos aumentaram 18,4% em volume, para 29,6 milhões de encomendas, e 21% em receita, para R$ 10,2 bilhões. Para o ano, a consultoria projeta um incremento de 20%, para R$ 22,5 bilhões.


    "As fraudes acompanharam o crescimento do comércio eletrônico, mas a manutenção do percentual indica que os varejistas estão mais preparados para impedir as tentativas crescentes", disse Marcelo Theodoro, diretor de serviços financeiros do grupo BuscaPé.

    Conforme o estudo, o valor médio das fraudes foi de R$ 595, 72% superior ao valor médio das compras on-line. Em anos anteriores, o valor das fraudes também situou-se entre 70% e 75% acima do valor médio das compras no comércio eletrônico.

    Entre os itens mais procurados pelos fraudadores estão telefones e celulares, representando 31,2% das fraudes efetuadas no ano; produtos de informática (27,2%), eletrônicos (16,4%), eletrodomésticos (7,6%), produtos de cine e foto (4,4%) e games (4,2%). O perfil é idêntico ao verificado no ano passado. Segundo Theodoro, os cibercriminosos preferem adquirir produtos com valor agregado mais alto, mas que sejam fáceis de ser revendidos.

    A maioria das fraudes no comércio eletrônico foram decorrentes de transações feitas com cartões de crédito e débito. Em seus golpes, disse Theodoro, os criminosos também preferem adquirir bens intangíveis, ou que não precisem ser entregues em um endereço físico, como jogos on-line, bens virtuais (itens que permitem ao jogador obter mais funções ou poderes) e passagens aéreas. O estudo da FControl abrange apenas o comércio de produtos na internet, e não inclui serviços, como turismo e vendas de passagens. "O roubo de pontos em programas de milhagem aérea também são bastante comuns", disse o executivo.

    A CyberSource, companhia de gestão de pagamentos da Visa, divulga hoje uma pesquisa sobre fraudes no comércio eletrônico na América Latina, que inclui serviços. O estudo indica que as fraudes representaram 0,71% das operações do comércio eletrônico na América Latina em 2011, ou US$ 280 milhões.

    No Brasil, esse índice foi de 0,75% (US$ 66 milhões). "Não se trata de uma diferença significativa em termos percentuais, se for considerado que o comércio eletrônico brasileiro é mais pujante que em outros países da América Latina", disse Fernando Marques de Souza, diretor-geral da CyberSource no Brasil. De acordo com a companhia, o comércio eletrônico na América Latina movimentou US$ 43 bilhões em 2011. O Brasil respondeu por 20% desse total.

    Souza disse considerar o percentual de fraudes alto em comparação com economias maduras, como os Estados Unidos e o Japão. Nesses países, as fraudes representam 0,41% das transações on-line. "O percentual de fraudes na América Latina é quase 70% maior que nas economias maduras. É preocupante, considerando que os volumes transacionados são mais baixos."

    A pesquisa da CyberSource estima que o comércio eletrônico na América Latina vai crescer 26,7%, para US$ 54,5 bilhões. No Brasil, as estimativas do mercado são de um aumento de 23% em dólar, para US$ 10,8 bilhões (R$ 22,5 bilhões). Incluindo as operações de turismo e vendas on-line de passagens, o valor deve chegar a R$ 28 bilhões.

    Com a Copa das Confederações, em 2013, e da Copa do Mundo, em 2014, a receita com turismo e vendas de passagens aéreas poderá superar o faturamento com as vendas de bens físicos pela internet no Brasil. "O comércio eletrônico brasileiro está cada dia mais atrativo para os fraudadores e a expectativa é que os riscos aumentem nos próximos anos", disse Souza.

    José Matias, diretor de suporte técnico da McAfee para a América Latina, afirmou que os cibercriminosos atuam em três frentes: internautas, instituições financeiras e sites de comércio eletrônico. No Brasil, a preferência ainda é pelo ataque direto a instituições financeiras e pessoas físicas, por meio de e-mails falsos, invasão de computadores ou sites falsos. "O comércio eletrônico sofre poucos ataques diretos, mas é questão de tempo até que isso comece a acontecer com frequência no Brasil", disse.

    Fonte: Valor Econômico por Cibelle Bouças - De São Paulo

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